14/03/2010

Os Novos X-Men de Grant Morrison (2002-2003).


Após um começo bombástico em New X-Men n°s114-116, os roteiros do escocês Grant Morrison perderam um pouco da força e do foco nas edições que se seguiram. Além disso, desenhos de baixa qualidade em vários números prejudicaram a série, embora algumas ideias inventivas e situações interessantes tenham mantido as revistas acima da média dos quadrinhos de super-heróis. (Para mais detalhes sobre o primeiro ano de Morrison à frente dos heróis mutantes da Marvel, clique aqui.)

Em vários sentidos, o início do segundo ano da New X-Men repete os erros e os acertos de antes: os desenhos variam muito de estilo e qualidade, os roteiros trazem boas ideias, mas revelam-se inconsistentes no fim. A primeira dessas edições, New X-Men n°127, traz uma história focada no herói Xorn, sendo uma espécie de fábula moral sobre preconceito e suas consequências para o desenvolvimento da raça humana. Com desenhos de John Paul Leon e arte-final de Bill Sienkiewicz, estilisticamente a HQ é um tanto incomum para uma revista de super-heróis, embora tenha um desfecho bem previsível.

Já nos n°s129-130, os desenhos ficam por conta de Igor Kordey que, mesmo não sendo um desenhista ruim, não era o mais indicado para essa série da Marvel. Ao mesmo tempo, nessa sequência de histórias, Morrison parece ter tido como único propósito apresentar um novo personagem que havia imaginado: o mutante Fantomex (uma versão Matrix de Fantômas, anti-herói francês do início do século 20). O fato é que, salvo uma boa “sacada” em relação ao codinome Arma-X (onde o “xis” é relido enquanto o algarismo romano para o número dez), a HQ não interfere muito na vida dos heróis.

New X-Men n°131, ilustrada por Leon e Sienkiewicz, começa com um funeral em Paris e continua no caso amoroso psíquico-imaginário de Ciclope e Emma Frost. Já a edição seguinte, desenhada por Phil Jimenez e Andy Lanning, leva os leitores de volta a Genosha, ilha-país na qual dezesseis milhões de mutantes foram exterminados. Para a próxima revista, temos uma nova dupla de desenhistas, Ethan Van Sciver e Norm Rapmund, uma nova locação nas areias do Afeganistão e uma nova mutante chamada Dust (Poeira), com direito à primeira participação efetiva de Wolverine nesse segundo ano de Morrison.

Somando até ali sete edições (que seriam reunidas na coletânea New Worlds), o segundo ano de Morrison na série não tinha ido muito além de introduzir novos personagens conceituais, em meio a algumas boas “sacadas”. Felizmente, as coisas melhoram bastante a partir de New X-Men n°134, edição ilustrada por Keron Grant e Norm Rapmund. Com ela, tem início uma sequência de cinco HQs nas quais, pela primeira vez em várias edições, o roteirista parece não atirar para os lados, apresentando uma história mais coerente e interessante (que seria reunida na coletânea Riot at Xavier’s).

Mostrando um motim de jovens alunos da escola do Professor Xavier, as revistas abordam ao mesmo tempo os temas do preconceito contra as minorias e do perigo trazido pelas drogas. Trabalhando bem os personagens secundários, o roteiro deixa os X-Men tradicionais na periferia da ação, embora seu desfecho traga uma cena, envolvendo Scott, Emma e Jean Grey, que tem desdobramentos até as edições atuais dos heróis mutantes. E se o roteiro não decepciona, os desenhos do sempre ótimo Frank Quitely fazem de New X-Men n°s135-138 edições que valem a pena serem lidas e vistas.

A edição n°139 começa do ponto em que Morrison havia encerrado a revista anterior, com Jean Grey descobrindo o caso psíquico entre seu marido e Emma. O restante da edição, ilustrada por Jimenez e Lanning, mostra uma inquisição psíquica em que a Jean-Fênix atormenta uma indefesa Emma. Nada tão drástico, porém, quanto o aparente assassinato da ex-vilã ao final da revista, o que dispara a investigação que será o tema da edição seguinte. E com desenhos nada impressionantes e uma trama bem morninha, a revista n°140 só se salva por uma interessante revelação na última página.

Quanto ao n°141, além de solucionar parte do aparente assassinato, a revista serve apenas para reforçar que a morte é uma condição bastante contornável nas HQs de super-heróis. No saldo geral, essas três edições da série dão a sensação de um roteiro que se arrasta por mais tempo do que deveria e de desenhos bem abaixo do potencial de uma editora como a Marvel. Algo bem diferente é o que vemos nas quatro edições seguintes, intituladas Assault on Weapon Plus (nome também dado à coletânea das revistas New X-Men n°s139-145), ilustradas pelos competentes Chris Bachalo e Tim Townsend.

(CONTINUA)

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